domingo, 15 de janeiro de 2012

De Maceió até Webster Groves, St. Louis, MO

            Saímos de Maceió na terce-feira à tarde dia 10 de janeiro na companhia agradável de Carlos, Cléa e claro de Hélio e Aldinho que não dispensaram a gentileza de levar as meninas até Recife. Na cidade de Escada-PE, demos uma parada na churrascaria o Brazão para uma despedida à altura da nossa bela e consistente comida nordestina. Lá revivemos junto com Carlos um momento marcante da sua vida, quando o mesmo nos dizia que ali naquele mesmo lugar ele tinha jantado com seu pai antes dele partir para os céus ao encontro do Criador. Chegamos em Recife por volta das 21h no hotel Canarius, presente de Isaias e Etiane, lugar agradável onde passamos à noite. Providencial, pois, o que nos aguardava no dia seguinte era uma verdadeira maratona. Não posso deixar de destacar aqui que nos aguardando em Recife estava nosso grande e generoso amigo, Pr. Paulo Cézar que além de nos encorajar para seguir em frente crendo que Deus estava no controle de tudo, no dia seguinte nos ajudou a levar as malas para o aeroporto.
            Acordamos cedo, pois, o sono desde então tem sido um luxo para mim e Odja. Ansiedade misturada com um pouco de medo, receio e outros sentimentos que não consigo agora nem denominar. Embarcamos às 11h30 e às 12h30 estávamos decolando em direção a Miami. A primeira surpresa foi a aeronave. Esperávamos uma aeronave como das nossas últimas experiências em vôos internacionais e o que nos deparamos foi com uma aeronave destas que realizamos vôos domésticos dentro do Brasil. Imagine passar 8 horas sem poder se movimentar direito nem recostar a poltrona para dar um rápido cochilo. Pensei que voaríamos 6 horas de Recife até Miami, engano meu, foram 8 longas horas de vôo. Aterrissamos em Miami às 18h30 horário local, no Brasil já passava das 22h.  A partir daí foi pura emoção. O aeroporto de Miami é gigantesco, andar nele é uma verdadeira aventura. Confesso que ainda estava meio receoso de enfrentar uma nova entrevista na alfândega do aeroporto. Graças a Deus foi super tranqüilo, não fosse o fato de que a fila era enorme, demorando muito para chegar nossa vez e que tínhamos um vôo marcado para St. Louis às 21h05. Passada a entrevista, fomos em busca das nossas malas, uma verdadeira feira livre com malas para todos os lados (enquanto as pessoas esperam na fila da alfândega, vários vôos vão chegando e as malas vão se acumulando no saguão de desembarque das bagagens aguardando seus respectivos donos). Conseguimos encontrá-las com algumas avarias para não ficar barato e corremos para reembarcá-las no guichê da American Airlanes (AA). Finalmente um momento de paz e descanso. Reembarcamos às 21h05, chegando no aeroporto de Lambert em St. Louis às 23h. No Brasil já passava das 02h da manhã. O Pr. Scott e a irmã Nell estavam nos esperando com um belo sorriso no rosto. Fomos pegar nossas malas e uma nova surpresa: As mala de Alana e uma minha não tinham chegado ao destino final. Pr. Scott preencheu os documentos relativos ao extravio das malas, levando-nos em seguida para o Eden Seminary, local da nossa hospedagem pelos próximos 4 meses. Fomos chegar a nosso apartamento às 00h horário local, no Brasil 3h da manhã. Fome e cansaço eram nossas marcas aquelas alturas. Desde a hora em que saímos de Recife até nossa chegada em St. Louis tinham se passado 14 horas perambulando pelos ares e esperando em aeroporto. Comemos galeto com pão e às 2h da manhã fomos dormir. Acordamos para variar bem cedo, pois, nosso organismo ainda está em processo de adpatação com esta pequena mudança de horário.
            Na manhã do dia 12 de janeiro, logo cedo já estávamos de pé. Lá fora um sol tímido e um frio para nossa realidade intenso. Fizemos nossos primeiros contatos no seminário, sendo convidados para participar da celebração da ceia num culto rápido na bela capela do seminário. Lá conhecemos rapidamente alguns professores e alunos, gente da África do Sul, Quênia, Coréia do Sul, etc. (a maioria dos alunos estão fora, retornando em fevereiro para a conclusão do ano letivo que se dará no final de maio. Fizemos umas compras rápidas à tarde e fomos dormir cedo, acordando na madrugada mais uma vez. Quase ia esquecendo de dizer que nosso primeiro almoço na América foi cuzcuz com galeto e ovo. Louvado seja Deus pelos pacotes de flocão que ganhamos de presente da nossa querida amiga Eliane.
            Na manhã do dia 13 de janeiro um belo e gelado presente, a primeira neve do inverno segundo os moradores daqui. A temperatura chegou a -9º. Quase congelamos, entretanto, convidados pelo irmão Bryan Troop, filho de missionários que trabalharam na cidade de Itabuna na Bahia, onde viveu dos 8 até os 18 anos de idade, as meninas foram brincar de fazer bola de gelo na neve, destaque-se sem as luvas. Nesta tarde nos aventuramos em nossa primeira caminhada sozinhos pelos arredores do seminário. O Eden Seminary está localizado na pequena cidade de Webster Groves. Kirkwood, Clayton, Rock Hill e outras dezenas de pequenas cidades formam a região conhecida como grande St. Louis.
            Os dias 14 e 15 foram mais tranqüilos. Continuamos acordando de madrugada. Vamos dormir às 21h horário local e nos acordamos entre 4 e 5 da manhã. Aqui o dia amanhece às 7 da manhã. Dia 14 consegui fazer minha primeira corrida de 30 minutos no frio, uma vitória para mim. Estamos eu e Odja nos preparando para segunda-feira, dia 16 corrermos juntos pelas ruas da cidade. Também comemoramos 23 anos de casamento, foi simples e marcante como tem sido todos estes anos. Uma imensa gratidão tomou conta do nosso coração. Hoje dia 15 fomos ao culto pela manhã na Kirkwood Baptist Church. Uma bênção e um grande desafio, pois, cultuar num idioma que você não domina não é fácil. Confesso que desta vez pude sentir a dificuldade que nossos irmãos visitantes de outras culturas e nações sentem na IBP em nossos cultos pouco formais e recheados de detalhes bem típicos da nossa cultura nordestina. A recepção foi maravilhosa, destaque-se tem sido muita calorosa e acolhedora. Almoçamos com um grupo de irmãs da melhor idade e em seguida fizemos nossa primeira visita panorâmica ao Centro de St. Louis junto com a irmã Nell que tem sido um verdadeiro anjo de Deus em nossas vidas nestes primeiros dias. St. Louis é simplesmente linda. Os arcos, símbolo da cidade, são de tirar o fôlego do ponto de vista arquitetônico e o rio Mississipi imenso, caudaloso e carregado de história. Conhecemos também o Forest Park: Museus, zoológico, teatros e uma infinidade de coisas fazem parte do mesmo. Este parque está entre os maiores do EUA e chega a ser maior que o Central Park de New York.
            Amanhã é feriado nacional. Comemora-se o dia do Dr. Martin Luther King Jr. Uma honra para nossa família estarmos aqui numa data tão importante, onde  se comemora e relembra a vida e legado de uma personalidade marcante da história americana que deveria ser imitada por todos os pastores e pastoras no Brasil e mundo a fora pela sua postura e envolvimento na luta contra todo tipo de preconceito, injustiça, segregação e implantação do reino de Deus aqui na terra. Dr. King, pastor batista, ultrapassou os limites das quatro paredes da igreja para se envolver com a sociedade e se deixar ser usado como instrumento nas mãos de Deus para tornar seu país um país de todos e todas. Hoje saindo de um restaurante após o almoço, de maioria branca, pude contemplar um casal negro almoçando tranquilamente no mesmo espaço. Isto não seria possível caso Dr. King, Rosa Parks e outros e outras ficassem dentro das quatro paredes com medo da repressão e de serem julgados de forma incorreta. Hoje este país é governado por um negro, graças a luta pelo fim da segregação racial que teve como líder maior o pastor Martin Luther King Jr.
            Bom vou ficar por aqui. Continuarei escrevendo minhas impressões desta jornada e mergulho nas asas da vida que neste momento estamos chamando de tempo sabático em outra oportunidade. Deus os abençoe. God Bless!!!

Wellington Santos
Webster Groves, 15 de janeiro de 2012 (07 pm)